quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Passagem, 40 - Frisco



Que saudade de north beach, das ruas, do sol, das nuvens, do vento e dos bondes. Dizendo assim até parece que passei muito tempo por lá, que conheço a fundo aquelas ruas e fumaças, e que na verdade, não fiquei só alguns quatro dias. Agora, corpo aqui e mente lá, percorrendo aquelas ruas de morro, semelhantes às de minha belo horizonte, mas com a brisa pacífica fazendo suas curvas e levando ao centro, ao mercado de peixes, ao píer, aos leões marinhos e à maravilhosa golden gate. A ponte mítica, com o mar maravilhoso à baixo, turistas por todos os lados, estruturas avermelhadas reluzindo a favor do sol também avermelhado e quente, contrastando com o vento frio de janeiro; alcatraz à frente, navios percorrendo a estrada azul, que se une aos céus, enquanto as focas hábeis e delicadas dançam pelo palco salgado. Escrevendo isso tudo, vem na boca o gosto do chopp gelado do vesúvio, o cheiro de suas paredes de madeira e cadeiras e mesas e pessoas que guardam tantas histórias, testemunhas da história, de toda uma geração livre, revolucionária, questionadora e bela, que seguia correndo ao som do jazz e regados à benzedrina, a geração beat, gerando e degenerando pelas ruas de frisco, pelas luzes e palavras do antro da city and light, logo de frente ao Vesúvio. E o quanto foi fantástico fazer esse simples roteiro, subir as escadas da city and lights bookstore e depois, deslumbrado, tomar um chopp no vesúvio, o mesmo vesúvio de Jack, Allen, Ferlinghetti e toda a turma inspiradora. Experiência sem preço, recordação que marca e deixa o gosto e a vontade pelo regresso, pela criação de uma rotina ali, alguns dias à mais que fossem, para sentir o prazer de sair pra comprar pão, ler um livro, comprar peixe e simplesmente, sair para olhar as ruas da tão charmosa e acolhedora Frisco, que hoje, já considero minha.

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