segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
Passagem, 39
A cidade não se cala, o povo não dorme, não para, não cessa a movimentação em prol do nada, da loucura e da pressa sem medida, sem ordem, sem vontade, tudo automatizado. Fico em busca de momentos e segundos de sobriedade passageira, letras e carne que me levem longe. É a procura contínua e incessante; enquanto isso, os gatos olham atentos, pupilas fendidas, a pequena formiga que carrega pesada folha sobre seu pequenino dorso. Os olhos acompanham atentamente o movimento de cada patinha, o qual é seguido por um discreto abano da extremidade da cauda de um desses gatos; o outro, move apenas os bigodes. Espero alerta o ataque sobre a minúscula presa, mas ele não acontece. A atenção dos animais é desviada por sopro de vento no sofá da sala e, como se atingidos pelo evento mais importante dos últimos tempos, correm trombando um no outro, daquela forma que apenas os felinos conseguem fazer. E nisso tudo, a formiga continua em sua empreitada, sem medo, sem ameaças, sem novidades, apenas segue em frente, carregando um fardo mais pesado que ela mesma, porém, agora, o caminho está livre.
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