Ele vivia o jogo do tempo, as horas que perambulavam em sua mente e roubavam palavras de seus dedos. Era uma capa frágil e vulnerável ao vento que percorria os corredores da empresa e pareciam evitar seu rosto. Passara 30 dias fora dessa roda, visitara locais já conhecidos e outros que não imaginava serem tão fantásticos. Foi a um dos berços de suas várias influências, a tão imaginada Frisco e pode sentir um pouco daqueles tempos com os quais sonhava. Caminhou sob o frio intenso, caminhou sob o sol, chuva e o vento, a pele de seu rosto sentia as mudanças, mãos queimavam com o gelo e os pêlos da barba se adaptavam, como tudo que deve em algum momento se adaptar. Não sentia-se parte do todo, sentia o todo como parte sua. Naquela fase era um imã, absorvendo tudo que os céus, as letras, fotos, ruas e árvores transmitiam. Absorvia a respiração dos pedestres, da garçonete da cafeteria e dos pássaros que voavam longe. Era criatura passageira, disso tinha certeza. Claro que contribuía - alguma coisa do pouco que vivera e achava entender da existência era distribuído em fluxo natural ao seu redor e a todos os seres que compunham os cenários por onde passavam. Mas, além do desejo de aprender, crescer e se revolucionar, tinha a certeza do quanto era magnífico ser um grão de areia.
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