quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Superfície - Passagem, 14

                                                                Dioptro plano

É, mulher dos olhos de sal, marinados do ar dessa tarde chuvarada que desarma nossos pés e ameniza a mente, sigo nessa direção que olha por nós, você pode não entender, querer sorrir demais ou erguer as sobrancelhas em momentos de falhas humorísticas de minha parte.

- Nem sempre me saio bem, né?
- "Nem sempre" já foi a piada?

E você sabe como fazer, acha que não, finge que não sei o que sinto ou que tenta derramar sobre mim e derrama - pode ser que realmente eu não saiba, ou queira demais que a água corra ao vinho, mas que seja.

Por vezes nesse deserto de almas apenas basta "ser", sem mais funções ou habilidades mirabolantes.

A praticidade complexada é um charme perfumado por intimidade casual e emocional, cada um seguro por suas paredes escolhidas a dedos, nem sempre alinhados. Esses ímpetos comuns que abastecem os planos conversados são fugas saborosas do mormaço que enfrentamos corajosamente, perseguidos pelo tempo. Cada um desses momentos representa um pulmão cheio, repleto de frescor, como da baleia que sobe lentamente à superfície. E as correntes apenas alimentam as vontades.

Buscamos superfície.

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