quarta-feira, 16 de julho de 2014

Passagem, 29


Era um observador das voltas do tempo. Admirava seus movimentos desalinhados às voltas do mundo e de sua mente.

Carros e carros e carros
Telefone que não para e grita e seu corpo treme ao percurso de todas as suas algumas extremidades.


Cinco ou seis doses de café ao dia era sua marca mínima. A mente trabalhava a mil, centenas de objetivos, planos e dúvidas disputando espaço simultaneamente. Isso o cansava e tirava o sono, uma verdadeira e bela merda. Mas não sabia viver de outra forma.

O tempo é rápido. A vida é curta. Conclusão constante e normalmente pensada antes e após cada decisão.

Seus óculos estavam arranhados e com grau inferior há quase um ano e aprendeu a conviver com a dor de cabeça e a espremer os olhos pra enxergar algumas coisas.

Geralmente as pequenas coisas são mais difíceis de se enxergar.

Conversou com um velho amigo e aquilo o fez se sentir bem.

Tomou café com sua mãe e aquilo o fez se sentir bem.

Deu um abraço em seu pai e aquilo o fez se sentir bem.

Brincou com sua cachorrinha e aquilo o fez se sentir bem.

Beijou sua esposa e aquilo o fez se sentir bem.

Sentir-se bem.
As pequenas coisas
feitas em pequenos tempos
em rápidos instantes que
se prolongam em nosso peito e nossa mente
pelo resto do dia e
da semana e
fazem da vida "curta"
uma vida
bem vivida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário