domingo, 8 de junho de 2014
Passagem, 26
Ela não sabia, não entendia nada ao redor. Eram voltas e voltas e voltas de um mundo bem diferente do que imaginava. Parecia que tudo estava diferente, as casas e ruas mais movimentadas, a comida já não era tão saborosa e a bebida mais amarga que o normal. Seu gato já estava bem velho e sua casa parecia menor.
- Jivago, vem aqui! Sou eu! Não lembra mais de mim seu bichano preguiçoso?
O gato tigrado abrira só um pouco os olhos, daquela forma que os gatos fazem, com apenas uma fenda preta, como se estivessem em um último esforço, as orelhas para trás e os bigodes amassados contra a cara.
Tudo era estranhamente novo à sua volta, novo aos seus olhos pelo menos, porque em seu coração as estruturas eram as mesmas. Sentou-se à mesa e ficou olhando a rua por horas e horas, os pensamentos foram e voltaram várias vezes, e ela, estática como rocha. Tudo havia sim se alterado, mas não tanto como sentia. A transformação maior era nela, ocorria em seu peito, em sua alma, fora uma longa transição espiritual e que, por sinal, ainda estava longe de chegar a um repouso.
De qualquer forma, era bom voltar ao princípio de tudo.
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Que lindo. Gosto desse novo olhar, coisa que a gente dá sempre à coisas mais que batidas.
ResponderExcluirMuito bacana, Luiz <3