terça-feira, 8 de outubro de 2013
Passagem, 10 - Rosa dos ventos
São as passagens da idade e os encontros e desencontros do tempo e das pessoas que alimentam também o corpo que nos sustenta.
Ele caminhou em direção alguma, só pensou em ir e, dessa vez, foi. E como foi prazeroso a sensação das amarras ficando pra trás, empoeiradas e enferrujadas... claro que restavam algumas, mas dessas ele daria conta facilmente, afinal, o que é uma estrada se não houver buracos ou pedregulhos?
A família, os amigos e os bichos estavam em seu peito e mente o tempo todo, seus livros corriam como vento em sua mente, e as músicas que mais gostava serviam de trilha sonora em seu pensamento, a cada passo que dava, a melodia mudava e o céu corroborava com tudo, oscilando do amarelo intenso, ao cinza e ao laranja que fica vermelho e azulado em seu pôr do tempo e do sol e daquele dia em que comemorava 27 anos de sua existência nesse planeta chamado terra e que queria tanto conhecer mais e mais, seus lugares, naturezas, pessoas e canções. E ele estava ali, com tudo à disposição. O dia terminava, mas a vida podia estar começando, na verdade, recomeçando, pois ele acreditava nos recomeços e reviravoltas, ou simplesmente, na folha que cai sobre seu tênis velho em um momento caótico em meio à uma avenida caótica de sua cidade caótica e aquilo muda o tom de sua tarde. Essas pequenas mudanças podiam ser sinais, acreditava nisso e, quem sabe, nesse dia, não havia recebido algum ou quem sabe, alguns sinais do que seria e estória dali pra frente, suas páginas inacabadas que gostaria tanto de escrever por aí. E ao pôr-do-sol, a chuva veio, o frio veio, o bom inverno veio e o calor encheu seu peito e sua mente, seus pensamentos turbilhonavam a uma velocidade insana e isso era vida, sentia os cheiro de forma fantástica e os perfumes eram sensacionais, o sabor do biscoito integral era inigualável e as conversas foram muito agradáveis, além das palavras várias que lera e mantiveram a chama acesa, o sorriso em seu rosto.
E é isso que dá coragem.
A aventura está aí, você é um personagem, o jogo é seu, a dança é sua, embora a música possa não ser, mas vale à pena soltar o corpo e se entregar, mesmo que seja na mesma dança, mas sem o medo de mudar a canção. Sem o medo de se soltar à ventania e sair por aí. Tendo a coragem de dizer não ao relógio ou àquela bússola que aponta sempre ao sentido pré-definido e invariável, não sendo sempre pré-definido e invariável. A bagunça é muito grande, mas é possível se encontrar ali. Dance à canção da rosa dos ventos.
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